O ensino noturno na Universidade Federal da Bahia: percepcoes dos estudantes
Resumo
A partir do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansao das Universidades Federais (Reuni), de 2007, a UFBA expandiu de dois para 33 cursos noturnos, chegando a ter mais de 9 mil estudantes neste turno, em 2013. O presente estudo tem o objetivo de conhecer a percepcao dos estudantes sobre o Ensino Superior noturno. Entre as bases de estudos que apoiam essa pesquisa estao Arroyo, Furlani e Terribili Filho que discutem, respectivamente, cursos noturnos para trabalhadores oriundos de camadas populares, dificuldades e enfrentamento de propostas pedagogicas, metodos de ensino e politicas públicas. Para tanto, a pesquisa se utiliza da metodologia qualitativa, de abordagem etnometodologica, e se apoia em tecnicas de aplicação de questionario, entrevistas individuais e grupos focais. Os resultados da pesquisa apontaram que os estudantes percebem o Ensino Superior noturno da UFBA como fragmentado e incompleto, que, em detrimento da pesquisa e da extensao, o ensino se apresenta neste turno como a única funcao da universidade. Alem disso, os depoimentos constatam problemas estruturais no funcionamento noturno da instituicao que comprometem o acesso aos servicos internos que ela oferece. As questoes imbricadas nessa pesquisa podem servir de instrumento de reflexão sobre os cursos noturnos numa conjuntura nacional de educação, atraves da democratização do acesso.
Palavras-chave
Referências
ALMEIDA FILHO, N. et al. Memorial da Universidade Nova: UFBA 2002-2010. Salvador: EDUFBA, 2010.
ARROYO, M. G. A. O direito do trabalhador à educacao. In: GOMEZ, C. M. et al. Trabalho e conhecimento: dilemas na educacao do trabalhador. 5. ed. Sao Paulo: Cortez, 2004. p.75-92
ARROYO, M. G. A. Universidade, o trabalho e o curso noturno. Estudos e Debates, n. 17, p. 91-4, 1990.
BARREIRO, I. M. F.; TERRIBILI FILHO, A. Educacao superior no periodo noturno no Brasil: politicas, intencoes e omissoes. Ensaio: Avaliacao e Politicas Públicas em Educacao, v. 15, n. 54, p. 81-102, jan./mar. 2007. http://doi.org/10.1590/S0104-40362007000100006
BAUER, M. W.; AARTS, B. A construcao do corpus: um principio para a coleta de dados qualitativos. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual pratico. Petropolis: Vozes, 2002. p. 39-63.
BOURDIEU, P.; CHAMPAGNE, P. Os excluidos do interior. In: BOURDIEU, P. et al. A miseria do mundo. 7. ed. Petropolis: Vozes, 2008. p. 481-6.
BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da Educacao Nacional. Diario Oficial da Uniao, 23 dez. 1996.
BRASIL. Ministerio da Educacao. REUNI - Reestruturacao e Expansao das Universidades Federais: diretrizes gerais (Portaria nº 552, SESu/MEC, de 25 de junho de 2007, em complemento ao art. 1º §2º do Decreto Presidencial nº 6.096, de 24 de abril de2007). Brasilia, DF, 2007.
CARDOSO, R.; SAMPAIO, H. Estudantes universitarios e o trabalho. Revista Brasileira de Ciencias Sociais, v. 9, n. 26, p. 30-50, out. 1994.
COULON, A. A. Etnometodologia. Petropolis: Vozes, 1995.
FORUM DE PRO-REITORES DE EXTENSAO DAS UNIVERSIDADES PUBLICAS BRASILEIRAS - FORPROEX. Indissociabilidade ensino-pesquisa-extensao e a flexibilizacao curricular: uma visao da extensao. Porto Alegre: UFRGS/Brasilia, DF: MEC/SESu, 2006. Disponivel em: . Acesso em: 16 fev. 2016.
FRASER, M. T. D.; GONDIM, S. M. G. Da fala do outro ao texto negociado: discussoes sobre a entrevista na pesquisa qualitativa. Paideia (Ribeirao Preto), v. 14, n. 28, p. 139-52, 2004. http://doi.org/10.1590/S0103-863X2004000200004
FREIRE, P. Extensao ou comunicacao? 8. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1983.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia: saberes necessarios à pratica educativa. 36. ed. Sao Paulo: Paz e Terra, 2007.
FREIRE, P. Pedagogia do oprimido. 47. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2008.
FURLANI, L. M. T. A claridade da noite: os alunos do Ensino Superior noturno. 2. ed. Sao Paulo: Cortez, 2001.
GARFINKEL, H. O que e etnometodologia? Revista Teoria e Cultura, v. 4, n. 1/2, p. 113-34, jan./dez. 2009.
GASKELL, G. Entrevistas individuais e grupais. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual pratico. Petropolis: Vozes, 2002. p. 64-89.
GIL, R. Analise de discurso. In: BAUER, M. W.; GASKELL, G. Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som: um manual pratico. Petropolis: Vozes, 2002. p. 244-70.
GONDIM, S. M. Grupos focais como tecnica de investigacao qualitativa: desafios metodologicos. Paideia, Ribeirao Preto, v. 12, n. 24, p. 149-161, 2003. http://doi.org/10.1590/S0103-863X2002000300004
INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATISTICA - IBGE. Censo demografico 2010: trabalho e rendimento: resultados da amostra. Rio de Janeiro, 2010.
LIBÂNEO, J. C. Conteúdos, formacao de competencias cognitivas e ensino com pesquisa: unindo ensino e modos de investigacao. Sao Paulo: Pos-Reitoria de Graduacao, 2009. (Cadernos de pedagogia universitaria, v. 11).
LUCKESI, C. et al. Fazer universidade: uma proposta metodologica. 6. ed. Sao Paulo: Cortez, 1991.
MARX, K. O capital: critica da economia politica. Sao Paulo: Nova Cultural, 1996. t. 1. (Os economistas, 1).
NERY, M. B. M. et al. Um novo universitario: estudantes de origem popular na UFBA. In: SAMPAIO, S. M. R. (Org.). Observatorio da vida estudantil: primeiros estudos. Salvador: EDUFBA, 2011. p. 93-113.
NOSELLA, P. Trabalho e educacao. In: GOMEZ, C. M. et al. Trabalho e conhecimento: dilemas na educacao do trabalhador. 5. ed. Sao Paulo: Cortez, 2004. p. 27-41.
PAIVANDI, S. Avaliacao do ensino superior pelo estudante, a pedagogia universitaria e o oficio de professor. In: SANTOS, G. G.; SAMPAIO, S. M. R. (Org.). Observatorio da vida estudantil: universidade, responsabilidade social e juventude. Salvador: EDUFBA, 2013. p. 319-52.
SANTANA, C. B. A caminho da democratizacao da UFBA: o novo aluno dos cursos noturnos. 2013. 243 f. Dissertacao (Mestrado em Estudos Interdisciplinares sobre a Universidade) — Instituto de Humanidades, Artes e Ciencias, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2013.
SOARES, S. R. Pedagogia universitaria: campo de pratica, formacao e pesquisa na contemporaneidade. In: NASCIMENTO, A. D.; HETKOWSKI, T. M. (Org.). Educacao e contemporaneidade: pesquisas cientificas e tecnologicas. Salvador: EDUFBA, 2009.
TERRIBILI FILHO, A. Educao superior no perodo noturno: impacto do entorno educacional no cotidiano do estudante. 2007. 186 f. Tese (Doutorado em Educao) Faculdade de Filosofia e Cincias, Universidade Estadual Paulista, Marlia, 2007.
TERRIBILI FILHO, A.; NERY, A. C. B. Ensino superior noturno no Brasil: histria, atores e polticas. Revista Brasileira de Poltica e Administrao da Educao, v. 25, n. 1, p. 61-81, jan./abr. 2009. http://doi.org/10.21573/vol25n12009.19327
TERRIBILI FILHO, A.; QUAGLIO, P. O cenrio urbano para o estudante do Ensino Superior noturno na cidade de So Paulo: triste realidade ou palco de heris? Millenium, v. 9, n. 31, p. 74-87, mai. 2005.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Estatuto e regimento geral. Salvador, 2010. Disponvel em: . Acesso em: 20 nov. 2014.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Pr-Reitoria de Aes Afirmativas e Assistncia Estudantil Coordenao dos Programas de Assistncia ao Estudante. Edital n 02/2014: inscrio para benefcios e programas da PROAE 2014.2. Salvador, 2014a.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Pr-Reitoria de Planejamento e Oramento PROPLAN. Perfil scio-econmico dos candidatos inscritos e classificados no concurso vestibular da UFBA 2001-2004. Salvador, 2005.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Pr-Reitoria de Planejamento e Oramento PROPLAN. Perfil socioeconmico dos candidatos inscritos e classificados no concurso vestibular da UFBA 2005-2008. Salvador, 2008.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Pr-Reitoria de Planejamento e Oramento PROPLAN. Relatrio de Gesto UFBA 2012: simplificado. Salvador, 2013.
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA UFBA. Pr-Reitoria de Planejamento e Oramento PROPLAN. Relatrio de Gesto UFBA 2013: complementar. Salvador, 2014b.
VARGAS, H. M.; PAULA, M. F. C. A incluso do estudante-trabalhador e do trabalhador-estudante na educao superior: desafio pblico a ser enfrentado. Avaliao (Campinas), v. 18, n. 2, p. 459-85, jul. 2013. http://doi.org/10.1590/S1414-40772013000200012
DOI: http://dx.doi.org/10.1590/s0104-40362017002500854
Apontamentos
- Não há apontamentos.
Direitos autorais 2017 Revista Ensaio: Avaliação e Politicas Públicas em Educação

Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.


Programa de Apoio às Publicacoes Cientificas (AED) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e tecnologico (CNPq), Ministerio da Educação (MEC), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)
Revista chancelada pela Unesco. Revista parceira da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (ABAVE)