A escola de qualidade para todos: abrindo as camadas da cebola

Candido Alberto da Costa Gomes

Resumo


A pesquisa educacional apresenta hoje abundantes constatacoes sobre como construir uma escola de qualidade para todos. Este trabalho se concentra em aspectos selecionados das diferencas entre escolas e dentro das escolas, com base na literatura nacional e internacional, embora mencionando a importância das origens sociais dos alunos, gestao educacional, avaliação e trajetorias curriculares. A estrutura peculiar dos sistemas educacionais se assemelha a uma cebola, com sucessivas camadas que influenciam a aprendizagem. Assim, se destacam despesas, instalacoes, tempo letivo, professores, clima e gestao escolares, efeitos dos colegas, alocação da matricula e do espaco, acoes que contribuem para a efetividade na sala de aula e a formação de turmas. Portanto, e possivel atuar sobre os fatores intra-escolares, no seu âmbito de influencia, que tem papel mais amplo nos paises em desenvolvimento.


Palavras-chave


Sociologia da educação; Economia da educação; Sociologia da escola; Democratização da educação; Professores; Sociedade dos adolescentes; Clima escolar; Gestao escolar

Referências


ABRAMOVAY, M. et al. Escolas inovadoras: experiencias bem-sucedidas em escolas públicas. Brasilia, DF: UNESCO, 2003.

ARMITAGE, J. et al. School quality and achievement in rural Brazil. Washington, DC: The World Bank, 1986.

BARRÈRE, A.; SEMBEL, N. Sociologie de l'education. Paris: Nathan, 2002.

BRANDAO, Z.; BAETA, A. M. B.; ROCHA, A. D. C. O estado da arte da pesquisa sobre evasao e repetencia no ensino de 1º grau no Brasil (1971-1981). Revista Brasileira de Estudos Pedagogicos, Brasilia, DF, v. 64, n. 147, p. 38-69, maio/ago. 1983.

CAMPOS, M. M. (Org.). Consulta sobre qualidade da educacao na escola: relatorio tecnico final. Sao Paulo: Campanha Nacional pelo Direito à Educação, Fundacao Carlos Chagas, 2002.

CARLSSON, B. A. Achieving educational quality: what schools teach us: learning from Chile's P900 primary schools. Santiago, Chile: CEPAL, 2000.

CARNOY, M.; GOVE, A. K.; MARSHALL, J. H. Explaining differences in academic achievement in Latin America:qualitative evidence from Brazil, Chile and Cuba. Stanford: Stanford University, 2003. Mimeografado.

CASASSUS, J. A escola e a desigualdade. Brasilia, DF: Plano, 2002.

CASTRO, C. M. et al. Determinantes de la educacion en America Latina: acceso, desempeño y equidad. Rio de Janeiro: Fundacao Getúlio Vargas, 1984.

CEPAL; UNESCO. Financiamiento y gestion de la educacion en America Latina y el Caribe: version preliminar: trigesimo periodo de sesiones de la CEPAL. San Juan, Puerto Rico: CEPAL, UNESCO, 2004.

COHN, E.; ROSSMILLER, R. A. Research on effective schools: implications for less developed countries.Comparative Education Review, Chicago, v. 31, n. 3, p. 377-399, ago. 1987.

COLEMAN, J. S. The adolescent subculture and academic achievement. American Journal of Sociology,Washington, DC, v. 65, n. 4, p. 337-347, 1960.

______. The adolescent society: the social life of the teenager and its impact on education. New York: The Free Press of Glencoe, 1963.

COLEMAN, J. S. et al. Equality of educational opportunity. Washington, DC: US Government Printing Office, 1966.

COSTA, J. A. Imagens organizacionais da escola. Porto: Asa, 1996.

COSTA, M. O rendimento escolar no Brasil e a experiencia de outros paises. Sao Paulo: Loyola, 1990.

CRAHAY, M. Podera a escola ser justa e eficaz?: da igualdade das oportunidades à igualdade dos conhecimentos.Lisboa: Instituto Piaget, 2002.

DALE, R. The state and the governance of education: an analysis of the restructuring of the state-education relationship. In: HALSEY, A. H. et al. (Org.). Education: culture, economy, and society. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 273-282.

DARLING-HAMMOND, L. Restructuring schools for student success. In: HALSEY, A. H. et al. (Org.). Education:culture, economy, and society. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 332-337.

DEBARBIEUX, E. Violencia nas escolas: divergencias sobre palavras e um desafio politico. In: DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Org.). Violencia nas escolas: dez abordagens europeias. Brasilia, DF: UNESCO, 2002.

DEBARBIEUX, E.; BLAYA, C. (Org.). Violencia nas escolas: dez abordagens europeias. Brasilia: UNESCO, 2002.

DUBET, F. Le declin de l'institution. Paris: Seuil, 2002.

DUBET, F. Sociologia da experiencia. Lisboa: Instituto Piaget, 1996.

DUBET, F.; MARTUCCELLI, D. À l'ecole: sociologie de l'experience scolaire. Paris: Seuil, 1996.

ELHAV, M. Effects of change in the recapture provision on equity of education funding: evidence from Alberta.Journal of Education Finance, Reston, Virginia, n. 24, p. 206-219, Autumn 1998.

ESTEVAO, C. V. Educação, justica e autonomia: os lugares da escola e o bem educativo. Porto: Asa, 2004.

FARRELL, J. P. International lessons for school effectiveness: the view from the developing world. In: FARRELL, J. P.;

OLIVEIRA, J. B. A. (Org.). Teachers in developing countries: improving effectiveness and managing costs. Washington, DC: The World Bank, 1993.

FULLER, B. What school factors raise achievement in the Third World? Review of Educational Research,Washington, DC, v. 57, n. 3, p. 255-292, Fall 1987.

GOMES, C. A.; CASTRO, P. E. M. A gestao do espaco no ensino medio público. Ensaio: avaliacao e politicas públicas em educacao: revista da Fundacao Cesgranrio, Rio de Janeiro, v. 11, n. 38, p. 5-14, jan./mar. 2003.

HANUSHEK, E. A. et al. Making schools work: improving performance and controlling costs. Washington, DC: The Brookings Institution, 1994.

HARBISON, R. W.; HANUSHEK, E. A. Educational performance of the poor: lessons from rural Northeast Brazil. Oxford: Oxford University Press, The World Bank, 1992.

HARLING-HAMMOND, L. Restructuring schools for student success. In: HALSEY, A. H. et al. (Org.). Education: culture, economy, and society. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 332-338.

HATTIE, J. A. C. Classroom composition and peer effects. International Journal of Educational Research, Exeter, v. 37, p. 449-481, 2002.

JONSSON, J. O.; ERIKSON, R. Understanding educational inequality: the Swedish experience. L'Annee Sociologique, Paris, v. 50, n. 2, p. 345-382, 2000.

LOURENCO FILHO, M. B. Aperfeicoamento do magisterio. Revista Brasileira de Estudos Pedagogicos, Rio de Janeiro, v. 25, n. 78, p. 39-54, abr./jun. 1960.

MALDI, R. M. N.; GOMES, C. A. O financiamento do ensino medio público ao nivel escolar: o patinho feio ainda à espera de se tornar cisne. Ensaio: avaliacao e politicas públicas em educacao: revista da Fundacao Cesgranrio, Rio de Janeiro, v. 11, n. 40, p. 314-332, jul./set. 2003.

MARION, R.; FLANIGAN, J. Evolution and punctuation of theories of educational expenditure and student outcomes. Journal of Education Finance, Reston, Virginia, v. 26, n. 2, p. 239-258, Winter 2001.

MELLA, O. et al. Qualitative study of schools with outstanding results in seven Latin American countries. Santiago, Chile: UNESCO, Latin American Laboratory for Assessment of the Quality of Education, 2002.

MEURET, D. Etablissement scolaires: ce qui fait la difference. L'Annee Sociologique, Paris, v. 50, n. 2, p. 545-556, 2000.

MORTIMORE, P. Can effective schools compensate for society? In: HALSEY, A. H. et al. (Org.). Education: culture, economy, and society. Oxford: Oxford University Press, 1997. p. 476-488.

NAKIB, Y.; HERRINGTON, C. D. The political economy of K-12 education finance: the context of a fast growing large state. Journal of Education Finance, Reston, Virginia, n. 23, p. 351-373, Winter 1998.

ORGANISATION FOR ECONOMIC CO-OPERATION AND DEVELOPMENT; UNESCO INSTITUTE FOR STATISTICS.Literacy skills for the world of tomorrow: further results from PISA 2000. Paris: OECD, UNESCO, 2003.

PEREIRA, J. B. B. A escola secundaria numa sociedade em mudanca: interpretacao socioantropologica de uma experiencia administrativa. Sao Paulo: Pioneira, 1969.

RIORDAN, C. Equality and achievement. 2. ed. Upper Saddle River, New Jersey: Pearson Prentice Hall, 2004.

ROCHA, A. D. C. Contribuicao das revisoes de pesquisa internacional ao tema evasao e repetencia no 1º grau.Cadernos de Pesquisa, Sao Paulo, n. 45, p. 57-65, maio 1984.

SCHEERENS, J. Improving school effectiveness. Paris: UNESCO, International Institute for Educational Planning, 2000.

SCHEERENS, J.; BOSKER, R. The foundations of educational effectiveness. Oxford: Pergamon, 1997.

SCHIEFELBEIN, E.; SIMMONS, J. Os determinantes do desempenho escolar: uma revisao de pesquisas nos paises em desenvolvimento. Cadernos de Pesquisa, Sao Paulo, n. 35, p. 53-72, nov. 1980.

WAISELFISZ, J. J. Qualidade e recursos humanos nas escolas. Brasilia, DF: MEC, Fundescola, 2000a.

______. Recursos escolares fazem diferenca? Brasilia, DF: MEC, Fundescola, 2000b.

______. Salas de aula, equipamentos e material escolar. Brasilia, DF: MEC, Fundescola, 2000c.

______. Tamanho da escola, ambientes escolares e qualidade do ensino. Brasilia, DF: MEC, Fundescola, 2000d.

______. Tamanho da turma: faz diferenca? Brasilia, DF: MEC, Fundescola, 2000e.

WEBER, M. Economy and society: an outline of interpretive sociology. New York: Bedminster Press, 1968.

WEICK, K. E. Educational organizations as loosely coupled systems. Administrative Science Quarterly, Ithaca, NY, n. 21, p. 1-19, mar. 1976.

WILKINSON, I. et al. Discussion: modeling and maximizing peer effects in school. International Journal of Educational Research, Exeter, v. 37, p. 521-535, 2002.

WOESSMAN, L. Why students in some countries do better. Stanford: Hoover Institution, 2001. Disponivel. em: . Acesso em: 2 abr. 2004.


Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2016 Revista Ensaio: Avaliação e Politicas Públicas em Educação

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Apoio:




Programa de Apoio às Publicacoes Cientificas (AED) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e tecnologico (CNPq), Ministerio da Educação (MEC), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) e Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro - FAPERJ.
 

SCImago Journal & Country Rank