Autoavaliação de escolas: O quê? Como? Com quem? E depois?

Carla Patrícia Teixeira da Silva Figueiredo

Resumo


Em Portugal, a autoavaliação de escolas é obrigatória desde a publicação da Lei nº 31/2002. Apesar disso, verificam-se ainda fragilidades significativas no desenvolvimento destes processos, relacionadas com sentimentos de falta de conhecimentos, resistência e insegurança no desenho e na implementação de autoavaliação, pelas escolas e pelos seus profissionais. Estes sentimentos podem ser justificados por, apesar da existência de documentos legislativos orientadores, não ser claro o que se pretende de tais processos e que modos existem para a sua concretização. Este artigo tem como objetivo sistematizar um conjunto de possibilidades que possam apoiar o desenvolvimento de autoavaliações de escolas mais sustentadas e sustentáveis. Parte-se da reflexão sobre conhecimento científico existente sobre a temática, da análise das orientações presentes em políticas e processos avaliativos e da experiência profissional da autora, para dar resposta às questões “O quê?; Como?; Com quem?; E depois?” como possíveis questões orientadoras da autoavaliação de escolas.

Palavras-chave


Avaliação; Auto-avaliação da Instituição; Escola; Administração Escolar

Referências


ADERET-GERMAN, T.; BEN-PERETZ, M. Using data on school strengths and weaknesses for school improvement. Studies in Educational Evaluation, [s. l.], v. 64, 100831, Mar. 2020. https://doi.org/10.1016/j.stueduc.2019.

AFONSO, A. J. Políticas educativas e auto-avaliação da escola pública portuguesa: apontamentos de uma experiência. Esudos em Avaliação Educacional, São Paulo, v. 21, n. 46, p. 343-362, maio/ago. 2010. https://doi.org/10.18222/eae214620102016

AFONSO, A. J. Para uma concetualização alternativa de accountability em educação. Educação e Sociedade, Campinas, v. 33, n. 119, p. 471-484, jun. 2012. https://doi.org/10.1590/S0101-73302012000200008

BALL, S. J. Big policies/small world: an introduction to international perspectives in education policy. Comparative Education, [s. l.], v. 34, n. 2, p. 119-130, 1998. https://doi.org/10.1080/03050069828225

BALL, S. J. Politics and policy making in education: explorations in Policy sociology. London: Routledge, 1990

BOLÍVAR, A. La autoevaluación en la construcción de capacidades de mejora de la escuela como comunidad de aprendizaje profesional. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, Braga, n. 14, p. 9-40, jan. 2014. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2014.3398

BOLÍVAR, A. Melhorar os processos e os resultados educativos: o que nos ensina a investigação. Vila Nova de Gaia: Fundação Manuel Leão, 2012.

BRASIL. Conselho Nacional de Educação. Recomendação n.º 1/2011. Recomendação sobre Avaliação das Escolas. Diário da República, 2.ª série, n.º 5, 7 de Janeiro de 2011. Disponível em: https://www.cnedu.pt/content/antigo/images/stories/Recomendao_AvExtEscolas.pdf. Acesso em: 5 maio 2021.

CARVALHO, M. J.; CORREIA, H. Autoavaliação das escolas: o caso do grupo disciplinar de Biologia/Geologia. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 26, n. 101, p. 1262-1282, out./dez. 2018. https://doi.org/10.1590/s0104-40362018002601068

CARVALHO, M. J.; FERREIRA, A. C. As equipas de autoavaliação: as representações dos atores educativos. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 25, e250028, 2020. https://doi.org/10.1590/S1413-24782020250028

CARVALHO, M. J.; FOLGADO, C. A autoavaliação na construção da escola democrática. Revista Lusófona de Educação, Campo Grande, v. 35, n. 35, p. 83-99, 2017. https://doi.org/10.24140/issn.1645-7250.rle35

DATNOW, A.; HUBBARD, L. Teacher capacity for and beliefs about data-driven decision making: a literature review of international research. Journal of Education Change, [s. l.], n. 17, p. 7-28, Feb. 2016. https://doi.org/10.1007/s10833-015-9264-2

DEVI, M., et al. The effect of transformation leadership on organizational performance through the strong lecturer engagement. Psychology and Education Journal, [s. l.], v. 58, n. 2, p. 4595-4605, 2020. https://doi.org/10.17762/pae.v58i2.2848

DEVOS, G.; VERHOEVEN, J. School self-evaluation conditions and caveats: the case of secondary schools. Educational Management, Administration & Leadership, [s. l.], v. 31, n. 4, p. 403-420, Oct. 2003. https://doi.org/10.1177%2F0263211X030314005

EHREN, M.; SWANBORN, M. Strategic data use of schools in accountability systems. School Effectiveness and School Improvement, [s. l.], v. 23, n. 2, p. 257-280, Apr. 2012. https://doi.org/10.1080/09243453.2011.652127

FADDAR, J.; VANHOOF, J.; MAEYER, S. Instruments for school self-evaluation: lost in translation? A study on respondents’ cognitive processing. Educational Assessment, Evaluation and Accountability, [s. l.], v. 29, n. 4, p. 397-420, 2017. https://doi.org/10.1007/s11092-017-9270-4

FADDAR, J.; VANHOOF, J.; MAEYER, S. School self-evaluation: self-perception or self-deception? The impact of motivation and socially desirable responding on self-evaluation results. School Effectiveness and School Improvement, [s. l.], v. 29, n. 4, p. 660-678, 2018. https://doi.org/10.1080/09243453.2018.1504802

FARREL, C. C. Designing school systems to encourage data use and instructional improvement: a comparison of school districts and charter management organizations. Educational Administration Quarterly, [s, l.], v. 51, n. 3, p. 438-471, 2015. https://doi.org/10.1177/0013161X14539806

FIGUEIREDO, C.; LEITE, C.; FERNANDES, P. Uma tipologia para a compreensão da avaliação de escolas. Revista Brasileira de Educação, Rio de Janeiro, v. 23, e230018, 2018. https://doi.org/10.1590/s1413-24782018230018

GEEL, M.; VISSCHER, A.; TEUNIS, B. School characteristics influencing the implementation of a data-based decision making intervention. School Effectiveness and School Improvement, [s. l.], v. 28, n. 3, p. 443-462, Apr. 2017. https://doi.org/10.1080/09243453.2017.1314972

GOBBI, B. C. et al. Uma boa gestão melhora o desempenho da escola, mas o que sabemos acerca do efeito da complexidade da gestão nessa relação?. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 28, n. 106, p. 198-220, jan./mar. 2020. https://doi.org/10.1590/S0104-40362019002701786

HALL, C.; NOYES, A. School self‐evaluation and its impact on teachers work in England. Research Papers in Education, [s. l.], v. 24, n. 3, p. 311-334, July 2009. http://dx.doi.org/10.1080/02671520802149873

INSPEÇÃO GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA – IGEC. Terceiro ciclo da avaliação externa de escolas: quadro de referência. Lisboa: Ministério da Educação, 2018. Disponível em: https://www.igec.mec.pt/upload/AEE3_2018/AEE_3_Quadro_Ref.pdf. Acesso em: 2 maio 2016.

INSPEÇÃO GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA – IGEC. Quadro de referência para a avaliação das escolas 2016-2017. Lisboa: Ministério da Educação, 2016. Disponível em https://www.igec.mec.pt/upload/AEE_2016-2017/AEE_16_17_(1)_Quadro_de_Referencia.pdf. Acesso em: 2 maio 2016.

KURUM, G.; CINKIR, S. An authentic look at evaluation in education: a school self-evaluation model supporting school development. Eurasian Journal of Educational Research, v. 83, p. 253-286, Oct. 2019. https://doi.org/10.14689/ejer.2019.83.12

LEITE, C.; FERNANDES, P.; RODRIGUES, L. Trajetórias para a institucionalização de uma cultura de autoavaliação nas escolas: entre possibilidades e limites. Revista de Estudos Curriculares, Braga, v. 11, n. 1, p. 102-121, 2020.

LEITE, C.; MARINHO, P. A figura do “amigo crítico” no desenvolvimento de culturas de autoavaliação e melhoria de escolas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 29, n. 110, p. 90-111, jan./mar. 2021. https://doi.org/10.1590/s0104-40362020002802615

LEITE, C.; MORGADO, J. C.; SEABRA, F. External school evaluation in Portugal: a glance at the impacts on curricular and pedagogical practices. European Journal of Curriculum Studies, [s. l.], v. 1, n. 1, p. 33-43, Jan. 2014. http://pages.ie.uminho.pt/ejcs/index.php/ejcs/article/view/60

LINDAHL, R.; BEACH, R. The role of evaluation in the school improvement process. Planning and Changing Journal, [s. l.], v. 44, n. 1/2, p. 56-72, Spring 2013. MCNAMARA, G. et al. Operationalising self-evaluation in schools: experiences from Ireland and Iceland. Irish Educational Studies, [s. l.], v. 30, n. 1, p. 63-82, Mar. 2011. https://doi.org/10.1080/03323315.2011.535977

OLIVEIRA, A. M. B. Autoavaliação e melhoria das escolas: numa lógica de compromisso. Revista Portuguesa de Investigação Educacional, Braga, n. 16, p. 129-144, jan. 2016. https://doi.org/10.34632/investigacaoeducacional.2016.3424

PORTUGAL. Assembleia da República. Lei n.º 31/2002, de 20 de dezembro. Aprova o sistema de avaliação da educação e do ensino não superior, desenvolvendo o regime previsto na Lei n.º 46/86, de 14 de Outubro (Lei de Bases do Sistema Educativo). Diário da República, n.º 294/2002, Série I-A de 2002-12-20, 2002.

PORTUGAL. Assembleia da República. Lei n.º 46/86, de 14 de outubro. Lei de Bases do Sistema Educativo. Diário da República, n.º 237/1986, Série I de 1986-10-14, 1986.

PORTUGAL. Ministério da Educação. Decreto-Lei n.º 115-A/98, de 4 de maio. Aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário, bem como dos respectivos agrupamentos. Diário da República, n.º 102/1998, 1º Suplemento, Série I-A de 1998-05-04, 1998.

PORTUGAL. Ministério da Educação; INSPEÇÃO GERAL DA EDUCAÇÃO E CIÊNCIA – IGEC. Quadro de referência para a avaliação de escolas e agrupamentos 2010-2011. Lisboa: Ministério da Educação, 2010. Disponível em: https://www.igec.mec.pt/upload/AEE_2011/AEE_10_11_Quadro_Referencia.pdf. Acesso em: 2 maio 2016.

PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Gabinetes do Secretário de Estado do Ensino e da Administração Escolar e da Secretária de Estado do Ensino Básico e Secundário. Despacho normativo n.º 20/2012. Diário da República, n.º 192/2012, Série II de 2012-10-03, 2012b.

PORTUGAL. Ministério da Educação e Ciência. Portaria n.º 265/2012, de 30 de agosto. Define as regras e procedimentos a observar quanto à celebração, acompanhamento e avaliação dos contratos de autonomia a celebrar entre os agrupamentos de escolas ou escolas não agrupadas e o Ministério da Educação e Ciência. Diário da República, n.º 168/2012, Série I de 2012-08-30, 2012a.

PORTUGAL. Ministério da Educação. Decreto-lei n.º 75/2008, de 22 de abril. Aprova o regime de autonomia, administração e gestão dos estabelecimentos públicos da educação pré-escolar e dos ensinos básico e secundário Diário da República, n.º 79/2008, Série I de 2008-04-22, 2008.

PORTUGAL. Ministério da Educação. Portaria n.º 1260/2007, de 26 de setembro. Estabelece o regime do contrato de autonomia a celebrar entre as escolas e a respectiva Direcção Regional de Educação em regime de experiência pedagógica Diário da República, n.º 186/2007, Série I de 2007-09-26, 2007.

PORTUGAL. Presidência do Conselho de Ministros. Decreto-Lei n.º 54/2018, de 6 de julho. Estabelece o regime jurídico da educação inclusiva. Diário da República, n.º 129/2018, Série I de 2018-07-06, 2018b.

PORTUGAL. Presidência do Conselho de Ministros. Decreto-Lei n.º 55/2018, de 6 de julho. Estabelece o currículo dos ensinos básico e secundário e os princípios orientadores da avaliação das aprendizagens. Diário da República, n.º 129/2018, Série I de 2018-07-06, 2018a.

SÁ, V. Avaliação institucional de escolas de Educação Básica em Portugal: políticas, processos e práticas. Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação, Rio de Janeiro, v. 26, n. 100, p. 801-821, jul./set. 2018. https://doi.org/10.1590/S0104-40362018002601163

SAMPAIO, M. et al. Efeitos da avaliação externa de escolas nos processos de autoavaliação: convergências e tendências de ação. In: BARREIRA, C; BIDARRA, M. G.; VAZ-REBELO, M. P. (orgs.). Estudos sobre avaliação externa de escolas. Porto: Porto Editora, 2016. p. 37-54.

SCHILDKAMP, K. et al. The use of school self-evaluation results in the Netherlands and Flanders. British Educational Research Journal, [s. l.], v. 38, n. 1, p. 125-152, Feb. 2012. https://doi.org/10.1080/01411926.2010.528556

SCHILDKAMP, K.; VISSCHER, A. The utilisation of a school self‐evaluation instrument. Educational Studies, [s. l.], v. 36, n. 4, p. 371-389, jan. 2010. https://doi.org/10.1080/03055690903424741

VANHOOF, J.; PETEGEM, J.; MAEYER, S. Attitudes towards school self-evaluation. Studies in Educational Evaluation, [s. l.}, v. 35, n. 1, p. 21-28, Mar. 2009. https://doi.org/10.1016/j.stueduc.2009.01.004




DOI: http://dx.doi.org/10.1590/S0104-40362023003103545

Apontamentos

  • Não há apontamentos.




Direitos autorais 2023 Ensaio: Avaliação e Políticas Públicas em Educação

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Apoio:


Programa de Apoio às Publicacoes Cientificas (AED) do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientifico e tecnologico (CNPq), Ministerio da Educação (MEC), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes)  

Revista chancelada pela Unesco. Revista parceira da Associação Brasileira de Avaliação Educacional (ABAVE)

SCImago Journal & Country Rank