v. 14, n. 44 (2022)

Revista Meta: Avaliação Jul./Set.

TEMPO DE AVALIAÇÃO EM ALTA

Alvaro Chrispino

A divulgação recente dos resultados do Índice de Desenvolvimento da Educação Brasileira - IDEB 2021 fez com que o tema avaliação assumisse, por algum tempo, uma posição de protagonismo nacional, considerando a importância do tema que este indicador sintético representa, bem como a possível identificação dos impactos causados pela Pandemia da COVID-19 na aprendizagem dos estudantes. A partir dele, é possível identificar questões importantes como, por exemplo, a evolução dos sistemas escolares de estados e municípios a partir de taxas de aprovação escolar e com as médias de desempenho em língua portuguesa e matemática dos estudantes. Os resultados produzem alegrias e frustrações e desencadeiam debates em diversos níveis que se desdobram em grupos sociais distintos.

Quando os resultados de avaliações educacionais das mais diversas vêm a púbico, o tema avaliação fica em realce para, logo depois, retornar a uma posição secundária, visto que as etapas seguintes, de reflexão sobre os resultados e a análise sobre o que deve ou pode ser feito para melhoria do sistema, nem sempre possuem o engajamento necessário dos diversos atores sociais envolvidos.

Por outro lado, de forma mais ou menos direta, as campanhas políticas também trazem o tema avaliação para o grande cenário nacional. Desde as pesquisas eleitorais até os resultados de programas executados e apresentados como sucesso pelos candidatos, até o levantamento de questões nefrálgicas com apontamento de soluções, tratam de avaliações específicas. Nestes casos, as avaliações de programas, de projetos e de ações continuadas ganham visibilidade nacional.

É neste cenário em que o tema Avaliação está em realce que apresentamos o novo número da revista Meta: Avaliação. Nele, o leitor encontrará variados temas no grande campo da Avaliação.

O primeiro artigo, Implementación de un grado de psicología educativa en el sistema universitario ecuatoriano, de autoria de Alexander Ramón Lárez Lárez, Ledys Hernández Chacón e Ana Julia Romero González, é baseado em pesquisa descritivo-documental e de campo e informa que a Universidade de Otavalo (Equador) adaptou suas carreiras e implantou a Licenciatura em Psicologia da Educação. Concluem, dentre outros pontos, que a educação superior no Equador fortalece a formação de profissionais capazes de resolver problemas sociais.

No artigo intitulado Avaliação na educação superior: portfólio como instrumento avaliativo, Beatriz M. Zoppo, Marilda A. Behrens, Ana Lucia de A. Claro e Ana Paula D. Rossetin buscaram identificar as percepções que os estudantes dos cursos Stricto Sensu apresentam sobre a avaliação por meio da utilização de portfólio e concluem que os estudantes pesquisados ainda não apresentam conceitos mais amplos sobre avaliação, com utilização do portfólio.

Os autores Lília Paula de S. Santos, Sônia Cristina L. Chaves, Fernanda Mamede O. Pinto e Daniela C. de S. Lima participam deste número com o artigo Plano de expansão dos laboratórios de prótese dentária: pré-avaliação no estado da Bahia onde expõem a avaliação do Plano, realizada por meio de análise documental, entrevistas com informantes-chave e elaboração do modelo lógico preliminar da intervenção. Ao final, informam que há fragilidades no levantamento da necessidade de prótese dentária, articulação intersetorial, registro, avaliação e monitoramento das atividades.

“O Teste de Progresso é definido como um exame aplicado com regularidade, constituído geralmente por questões do tipo múltipla escolha, com a finalidade de avaliar o processo de evolução do estudante de maneira progressiva e linear, capaz de mostrar através do desempenho a evolução acadêmica”. Assim Daniela Miori Pascon e Vera Lucia Mira definem Teste de Progresso no trabalho intitulado Teste de progresso como instrumento de avaliação em saúde: uma revisão integrativa para, em seguida, discutirem sua aplicação como meio de avaliação de desempenho de estudantes, avaliação de conteúdos pedagógicos apreendidos no curso, do curso, e institucional. Apontam, ao final, o Teste de Progresso como preditor de desempenho de alunos, cursos e instituições.

Solidia Santos, Marcia Oliveira, Sonia Rodrigues e Siderly Almeida apresentam o tabalho Avaliação da aprendizagem na educação superior: cooperação e inovação, onde discutem modelos de avaliação de aprendizagem adotados pelos professores e seus impactos no aprendizado dos alunos na disciplina de macroeconomia de IES localizada em Curitiba, Paraná, utilizando a elaboração de um e-book, defendem os princípios da interação e da cooperação na construção do aprendizado. Os resultados chamaram atenção para a aprendizagem colaborativa, a construção do conhecimento de forma contínua, a utilização de metodologias ativas, a flexibilidade, dentre outros.

O artigo A avaliação de desempenho docente no Instituto Federal de Mato Grosso (IFMT): uma perspectiva dos envolvidos neste processo, de autoria de Terezinha Hota da Silva e Ema Marta Dunck Cintra, trata de tema importante para os profissionais da educação: a Avaliação de Desempenho Docente (ADD). O trabalho parte de pesquisa de mestrado e busca verificar a percepção dos envolvidos na execução da ADD no Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Mato Grosso (IFMT).

Cássia Ferri conclui seu trabalho de forma inquietante: “O descompasso evidente entre o volume de dados gerados pelo monitoramento e as tomadas de decisões advindas das avaliações destes dados possibilita afirmar que os planos estadual e nacional respondem mais as exigências formais do que orientam ações concretas”. Essa conclusão, contida no trabalho Sobra monitoramento, falta avaliação: metas e estratégias de um plano estadual de educação, resulta dos estudos orientados aos dois relatórios de monitoramento, publicados respectivamente em maio de 2018 e agosto de 2020, do Plano Estadual de Educação de Santa Catarina 2015-2024 (PEE-SC) e analisados nos aspectos do monitoramento e avaliação das metas e estratégias das políticas curriculares e avaliativas indicadas. Fica, pois, o convite para identificarmos os descompassos existentes e tão importantes planos educacionais.

Uma pergunta recorrente quando da leitura de estudos e/ou pesquisa é sobre o motivo que levou os autores a realizarem tal estudo ou pesquisa. Esta é a motivação de Gabriel dos Santos e Silva e Vanessa Kishi Sampel quando estruturam o trabalho O que pesquisadores da avaliação da aprendizagem escolar em matemática dizem sobre os motivos de produzirem seus trabalhos, cujos dados foram coletados entre membros do Grupo de Estudo e Pesquisa em Educação Matemática e Avaliação (GEPEMA). A pesquisa indica que a escolha tem origem em experiências vividas pelos pesquisadores, além de contatos com textos da área, com a orientadora ou com membros do grupo de pesquisa.

Luis Carlos da Silva Castro e Roberto Brazileiro Paixão tratam das Competências necessárias aos avaliadores: uma síntese das principais listas presentes na literatura, a partir da análise das principais listas que indicam as diferentes competências necessárias aos avaliadores. Predominam nas listas elencadas as competências relacionadas à ética profissional, relacionamento interpessoal, dentre outras.

Pedro Menegaldo, João Malagutti, Juliano de Souza e Fernando Starepravo, apresentam a resenha da obra Monitorando e avaliando políticas de esporte e lazer no Brasil: a experiência dos Programas Esporte e Lazer da Cidade (PELC) e Vida Saudável (VS), publicada em 2018, organizada por Márcia Miranda Soares, Hélder Ferreira Isayama e Ana Elenara Pintos e que se destina ao público acadêmico, bem como para gestores de políticas de esporte e lazer.

O presente número traz artigos diversos e com abordagens distintas, o que enriquece o debate sobre os variados temas que compõem o campo da avaliação.

Esperamos que tenham todos uma boa leitura.

Sumário

Estudos e Artigos

Alexander Ramón Lárez Lárez, Ledys Hernández Chacón, Ana Julia Romero González
492-514
Beatriz Maria Zoppo, Marilda Aparecida Behrens, Ana Lucia de Araujo Claro, Ana Paula Dalagassa Rossetin
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515-537
Lília Paula de Souza Santos, Sônia Cristina Lima Chaves, Fernanda Mamede Oliveira Pinto, Daniela Coelho de Souza Lima
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538-557
Daniela Miori Pascon, Vera Lucia Mira
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558-579
Solidia Elizabeth Santos, Marcia Maria Fernandes de Oliveira, Sonia Caranhato Rodrigues, Siderly do Carmo Dahle de Almeida
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580-602
Terezinha Hota da Silva, Ema Marta Dunck Cintra
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603-627
Cássia Ferri
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628-645
Gabriel dos Santos e Silva, Vanessa Kishi Sampel
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646-670
Luis Carlos da Silva Castro, Roberto Brazileiro Paixão
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671-695
Pedro Henrique Iglesiaz Menegaldo, João Paulo Melleiro Malagutti, Juliano de Souza, Fernando Augusto Starepravo
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696-708