Qualidade de vida no trabalho de professores de língua inglesa: um estudo avaliativo a partir da ferramenta TQWL-42

Marcia Souza Gerheim, Lucí Mary Araújo Hildenbrand

Resumo


Este estudo ocupou-se de avaliar a qualidade de vida no trabalho de professores de língua inglesa, em cursos livres, no Brasil, tendo por questão avaliativa: qual é o nível de satisfação dos professores de língua inglesa, de cursos livres, em relação aos principais aspectos da sua qualidade de vida no trabalho? O referencial conceitual incluiu modelos clássicos de qualidade de vida no trabalho e o de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde. Por meio da abordagem centrada nos participantes, 193 professores atenderam ao convite postado em grupo fechado de relacionamento social, no Facebook. Utilizou o instrumento Total Quality of Work Life - TQWL-42, um questionário autoaplicável com 42 questões fechadas: duas de autoavaliação e as demais relacionadas às esferas biológica/fisiológica, psicológica/comportamental, sociológica/relacional, econômica/política e ambiental/organizacional. A escala de Timossi classificou os resultados da avaliação da qualidade de vida no trabalho dos professores de língua inglesa como satisfatórios e insatisfatórios, segundo suas tendências. Além da autoavaliação, os 11 aspectos satisfatórios distribuíram-se em três tendências: (a) muito satisfatória (significância da tarefa, capacidade de trabalho, identidade da tarefa, relações interpessoais); (b) neutra (feedback, condições de trabalho, autoestima); e (c) neutra/insatisfatória (autonomia, segurança de emprego, variedade da tarefa, oportunidades de crescimento, além da autoavaliação). Os nove aspectos insatisfatórios classificaram-se nas tendências: (a) neutra/satisfatória (tempo de lazer, tempo de repouso, disposição física e mental, jornada de trabalho, desenvolvimento pessoal e professional, liberdade de expressão); e (b) neutra (serviços de saúde e assistência social, benefícios extras, recursos financeiros). O resultado geral da avaliação qualificou a qualidade de vida no trabalho dos professores de língua inglesa, de cursos livres, como satisfatória com tendência neutra/insatisfatória. Os resultados evidenciaram a força e fragilidade das esferas psicológica/comportamental e econômica/política, bem como a vulnerabilidade da esfera biológica/fisiológica. As considerações finais observam aspectos para os quais professores e organizações devem atentar a fim de promover a melhoria da qualidade de vida no trabalho dos primeiros.

Texto completo:

PDF

Referências


ARELLANO, Eliete Bernal. Avaliação de programas de qualidade de vida no trabalho: análise crítica das práticas das organizações premiadas do Brasil. 2008.194 f. Tese (Doutorado em Nutrição Humana Aplicada) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Faculdade de Saúde Pública, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2008.

______. Qualidade de vida no trabalho e os programas premiados: uma pesquisa exploratória. In: SAMPAIO, Jader dos Reis (Org.). Qualidade de vida no trabalho e psicologia social. 2 ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

ARELLANO, Eliete Bernal; LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Análise crítica dos indicadores dos programas de qualidade de vida no trabalho no Brasil. O mundo da saúde, São Paulo, v. 37, n. 2, p. 141-151, 2013.

BERENGER, Mercêdes Moreira; ELLIOT, Lígia Gomes; PARREIRA, Artur. Grupo Focal. In: ELLIOT, Lígia Gomes (Org.). Instrumentos de avaliação e pesquisa: caminhos para construção e validação. Rio de Janeiro: Wak Editora, 2012.

FERNANDES, Eda Contes. Qualidade de vida no trabalho. Salvador: Casa do Psicólogo, 1996.

FERNANDES, Marcos Henrique; ROCHA, Vera Maria. Impacto dos aspectos psicossociais do trabalho na qualidade de vida dos professores. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 31, n. 1, p. 15-20, 2009.

______. Qualidade de vida de professores do ensino fundamental: uma perspectiva para a promoção da saúde do trabalhador. Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 57, n. 1, p. 23-27, 2008.

FLECK, Marcelo Pio de Almeida. O instrumento de avaliação de qualidade de vida da Organização Mundial de Saúde (WHOQOL-100): características e perspectivas. Revista de Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 33-38, 2000.

FLECK, Marcelo Pio de Almeida et al. Desenvolvimento da versão em português do instrumento de avaliação de Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-100). Revista Brasileira de Psiquiatria, São Paulo, v. 21, n. 1, p. 19-28, 1999.

GOULART, Íris Barbosa; SAMPAIO, Jader dos Reis. Qualidade de vida no trabalho: uma análise da experiência de empresas brasileiras. In: SAMPAIO, Jader dos Reis (Org.). Qualidade de vida no trabalho e psicologia social. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

HACKMAN, J. Richard; OLDHAM, Greg. R. Development of the job diagnostic survey. Journal of Applied Psychology, [S. l.], v. 60, n. 2, p. 159 –170, 1975.

IALAGO, Ana Maria. Formação e prática docente de professores de inglês em curso livre: um estudo das representações sociais. São Paulo, 2007. 151 f. Dissertação (Mestrado em Educação) – Faculdade de Educação e Letras, Universidade Metodista de São Paulo, São Paulo, 2007.

KANIKADAN, Andréa Yumi Sugishita. A qualidade de vida no trabalho dos professores de inglês: aplicação dos modelos de análise biopsicossocial e de competência do bem-estar organizacional. São Paulo, 2005.166 f. Dissertação (Mestrado em Administração) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 2005.

LACAZ, Francisco Antônio de Castro. Qualidade de vida no trabalho e saúde/doença. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 151 – 61, 2000.

LANDEIRO, Graziela Macedo Bastos et al. Revisão sistemática dos estudos sobre qualidade de vida indexados na base Scielo. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 16, n. 10, p. 4257 – 4266, 2011.

LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina. Indicadores empresariais de qualidade de vida no trabalho: esforço empresarial e satisfação dos empregados no ambiente de manufaturas com certificação ISO 9000. 1996. 296 f. Tese (Doutorado) – Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, Universidade de São Paulo, São Paulo, 1996.

______. Indicadores empresariais de qualidade de vida no trabalho. In: SAMPAIO, Jader dos Reis (Org.). Qualidade de vida no trabalho e psicologia social. 2. ed. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2004.

______. Qualidade de vida no trabalho: conceitos e práticas nas empresas da sociedade pós-industrial. 2. ed. São Paulo: Atlas, 2009.

LIMONGI-FRANÇA, Ana Cristina; RODRIGUES, Avelino Luiz. Stress e trabalho: uma abordagem psicossomática. São Paulo: Atlas, 2014.

MINAYO, Maria Cecília de Souza; HARTZ, Zulmira Maria de Araújo; BUSS, Paulo Marchiori. Qualidade de vida e saúde: um debate necessário. Ciência & Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, v. 5, n. 1, p. 7-18, 2000.

NADLER, David E.; LAWLER, Edward E. Quality of work life: perspectives and directions. Organization Dynamics, New York, v. 1, n. 11, p. 20 – 30, 1983.

OGATA, Alberto; MARCHI, Ricardo. Wellness: seu guia de bem-estar e qualidade de vida. Rio de Janeiro: Elsevier, 2008.

PEDROSO, Bruno. Desenvolvimento do TQWL-42: um instrumento de avaliação de qualidade de vida no trabalho. 2010. 129f. Tese (Doutorado) – Programa de PósGraduação em Engenharia de Produção, Universidade Tecnológica Federal do Paraná, Ponta Grossa, 2010.

PEDROSO, Bruno; PILATTI, Luiz Alberto. Guia de avaliação da qualidade de vida no trabalho. Ponta Grossa: Editora UEPG, 2012.

PEREIRA, Érico Felden et al. Qualidade de vida de professores de educação básica do município de Florianópolis. Ciência e Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 18, n. 7, p. 1019 – 1028, 2013.

REPPOLD; Caroline Tozzi; SERAFINI, Adriana Jung; MENDA, Samantha Castiel. Psicologia positiva e avaliação de qualidade de vida. In: HUTZ, Claudio Simon (Org.). Avaliação em psicologia positiva. Porto Alegre: Artmed, 2014.

SEIDL, Eliane Maria Fleury; ZANNON, Célia Maria Lana da Costa. Qualidade de vida e saúde: aspectos conceituais e metodológicos. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 20, n. 2, p. 580 – 588, 2004.

SOBRAL, Adail Ubirajara; MARTINS, Maria Waleska Siga Peil. A construção identitária de professores de inglês em cursos livres. Leia Escola, Campina Grande, v. 14, n. 1, 2014.

SOUZA, Carlos Fabiano. Representações do exercício docente em cursos livres de idiomas: reflexões acerca de relações dicotômicas no ensino de língua inglesa. Vértices, Campos de Goytacazes, v. 15, n. 1, p. 31-45, jan./abr., 2013.

TAVEIRA, Izabela. Qualidade de vida no trabalho. In: VIEIRA, Fernando de Oliveira; MENDES, Ana Magnólia; MERLO, Álvaro Roberto Crespo. Dicionário crítico de gestão e psicodinâmica do trabalho. Curitiba: Juruá. 2013.

TIMOSSI, Luciana da Silva et al. Adaptação do modelo de Walton para avaliação da qualidade de vida no trabalho. Revista da Educação Física, Maringá, v. 20, n. 3, p. 395-405,2009.

TOLFO, Suzana da Rosa; PICCININI, Valquíria Carolina. As melhores empresas para trabalhar no Brasil e a qualidade de vida no trabalho: disjunções entre teoria e prática. RAC - Revista de Administração Contemporânea. [S. l.], v. 5, n. 1, p. 165 – 193, jan./abr. 2001.

WALTON, Richard E. Quality of Working Life: what Is It?. Sloan Management Review, v. 5, n. 1, p. 11 – 21, 1973.

______. Improving the quality of work life. Harvard Business Review, v. 52, n. 3, p. 12 -16, maio/jun. 1974.

______. Criteria for quality of working Life. In: DAVIS, Louis E.; CHERNS, Albert B. The quality of working life: problems, prospects and the state of the art. New York: The Free Press, 1975. v. 1.

WERTHER, William. B.; DAVIS, Keith. Administração de pessoal e recursos humanos. São Paulo: McGraw-Hill, 1983.

WESTLEY, William A. Problems and solutions in the quality of working life. Human Relations, v. 32, n. 2, p. 113-123, 1979.

WORTHEN, Blaine R.; SANDERS, James, R.; FITZPATRICK, Jody L. Avaliação de programas: concepções e práticas. São Paulo: Ed. Gente, 2004.




DOI: http://dx.doi.org/10.22347/2175-2753v0i0.4767



Direitos autorais 2024 Fundação Cesgranrio

Licença Creative Commons
Este obra está licenciado com uma Licença Creative Commons Atribuição-NãoComercial 4.0 Internacional.

Principios Norteadores para o Avaliador

Guiding Principles for Evaluators American Evaluation Association (AEA)

Com o proposito de guiar o trabalho dos profissionais de avaliação e assegurar a etica de sua atuacao, a American Evaluation Association (AEA) - Associacao Profissional de Avaliadores - estabeleceu cinco principios norteadores aqui resumidos:

1.  Indagacao Sistematica, no que se refere à capacidade de coletar dados utilizando tecnicas apropriadas e comunicando metodos e abordagens com a devida transparencia para permitir acesso e critica.

2.  Competencia, no que se refere a demonstrar atuacao competente perante os envolvidos no processo avaliativo e desenvolver continuamente sua capacidade para alcancar o mais alto nivel de desempenho possivel.

3.  Integridade/Honestidade, no que se refere a assegurar honestidade e integridade ao longo de todo o processo avaliativo, negociando com os envolvidos e interessados na avaliação e buscando esclarecer e orientar procedimentos que venham provocar distorcoes ou indevidas utilizacoes.

4.  Respeito pelas pessoas, no que se refere ao respeito pela seguranca, dignidade e auto-valorizacao dos envolvidos no processo avaliativo, atuando sempre com etica profissional, evitando riscos e prejuizos que possam afetar os participantes para assegurar, o melhor possivel, o respeito às diferencas e o direito social de retorno dos resultados, aos envolvidos.

5.  Responsabilidade pelo bem estar geral e público, no que se refere a levar em consideracao a diversidade de interesses e valores que possam estar relacionados ao público em geral,buscando responder nao somente às expectativas mais imediatas, mas tambem às implicacoes e repercussoes mais amplas e, nesse sentido, disseminar a informacao sempre que necessario.

Indexado em:

  1. Miguilim - Diretório das revistas científicas eletrônicas brasileiras

  2. DOAJ - Directory of Open Access Journals

  3. EBSCO - Information Services

  4. Edubase

  5. Google Scholar

  6. Latindex - Sistema regional de información en línea para revistas científicas de América Latina, el Caribe, España y Portugal

  7. LivRe! - Portal do CNEN - Comissão Nacional de Energia Nuclear do Ministério de Ciência, Tecnologia e Inovação

  8. OEI - Organizacion de Estados Iberoamericanos (Madri, Espanha, CREDI)

  9. RCAAP - Repositorio Cientifico de Acesso Aberto de Portugal

  10. REDIB - Red Iberoamericana de Innovación y Conocimiento Científico

  11. Scopus - A maior base de dados de abstracts e citacao de literatura revisada por pares:periodicos cientificos, livros e anais

 

Scimago

SJR : Scientific Journal Rankings

SCImago Journal & Country Rank
  
  

Meta: Aval., Rio de Janeiro, ISSN 2175-2753.