A redação do ENEM para além de uma dissertação-argumentativa: um estudo avaliativo

Daniele Andrade da Costa de Pinho, Nilma Santos Fontanive, Ruben Klein

Resumo


O presente estudo objetivou avaliar a relação entre o desempenho global nas quatro primeiras competências e o desempenho na 5ª competência em redação dos participantes do Enem, concluintes do ensino médio em 2013. Trata-se de um estudo desenvolvido por meio da análise dos dados oficiais recebidos do Inep, privilegiando a abordagem avaliativa centrada em objetivos, com embasamento qualitativo. Destacou-se a 5ª competência por essa não se se circunscrever no âmbito das competências linguístico-discursivas, objeto da avaliação da redação do Enem. Os resultados apontam para uma evidência: o descompasso da 5ª Competência entre as competências linguísticas, tanto na amostra recebida de redações, quanto em sua comparação com as médias apresentadas pelos participantes do Enem no município e estado do Rio de Janeiro e no país. Os manuais e livros publicados prometendo a receita ideal para a produção da redação exigida pelo Enem, no entanto, não conseguem suprir a demanda por orientação para esta atividade. A questão é mais profunda e envolve, numa primeira instância, as unidades escolares, em outras o poder público e a sociedade: é imprescindível uma vivência, no mínimo, inter e multidisciplinar nas unidades escolares. A inventividade da produção de um novo gênero inspirado na dissertação-argumentativa é e será bem-vinda. Saber intervir em problemas sociais por meio da escrita, aos 18 anos de idade em média, pode até ser ferramenta global em favor de uma avaliação em Educação. Porém, como está posta, a proposta de intervenção social tem contribuído para baixos desempenhos na área de Linguagens, Códigos e suas Tecnologias, além de ocasionar distorção de resultados.

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DOI: http://dx.doi.org/10.22347/2175-2753v0i0.4534



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Principios Norteadores para o Avaliador

Guiding Principles for Evaluators American Evaluation Association (AEA)

Com o proposito de guiar o trabalho dos profissionais de avaliação e assegurar a etica de sua atuacao, a American Evaluation Association (AEA) - Associacao Profissional de Avaliadores - estabeleceu cinco principios norteadores aqui resumidos:

1.  Indagacao Sistematica, no que se refere à capacidade de coletar dados utilizando tecnicas apropriadas e comunicando metodos e abordagens com a devida transparencia para permitir acesso e critica.

2.  Competencia, no que se refere a demonstrar atuacao competente perante os envolvidos no processo avaliativo e desenvolver continuamente sua capacidade para alcancar o mais alto nivel de desempenho possivel.

3.  Integridade/Honestidade, no que se refere a assegurar honestidade e integridade ao longo de todo o processo avaliativo, negociando com os envolvidos e interessados na avaliação e buscando esclarecer e orientar procedimentos que venham provocar distorcoes ou indevidas utilizacoes.

4.  Respeito pelas pessoas, no que se refere ao respeito pela seguranca, dignidade e auto-valorizacao dos envolvidos no processo avaliativo, atuando sempre com etica profissional, evitando riscos e prejuizos que possam afetar os participantes para assegurar, o melhor possivel, o respeito às diferencas e o direito social de retorno dos resultados, aos envolvidos.

5.  Responsabilidade pelo bem estar geral e público, no que se refere a levar em consideracao a diversidade de interesses e valores que possam estar relacionados ao público em geral,buscando responder nao somente às expectativas mais imediatas, mas tambem às implicacoes e repercussoes mais amplas e, nesse sentido, disseminar a informacao sempre que necessario.

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Meta: Aval., Rio de Janeiro, ISSN 2175-2753.