A importância em considerar a cultura surda na avaliação psicológica: uma revisão narrativa

Adria Letícia de Souza Furtado

Resumo


No Brasil, não é comum considerar a cultura surda no processo de psicometria na avaliação psicológica. Assim, questiona-se sobre quais as dificuldades de um psicólogo ao avaliar uma pessoa surda, se existem instrumentos avaliativos inclusivos ou como é feita a avaliação frente a essas dificuldades, levando em consideração que um atendimento humanizado está diretamente relacionado à uma boa comunicação entre profissionais e pacientes. O presente trabalho tem como objetivo elucidar sobre as dificuldades encontradas para a realização de uma avaliação psicológica com uma pessoa surda. O estudo utilizou-se do método de revisão narrativa para analisar e discutir uma série de dificuldades diretamente relacionadas à falta de inclusão da cultura surda na construção dos processos avaliativos. Concluiu-se que as pesquisas de validação de instrumentos avaliativos são escassas, bem como as encontradas não podem ser utilizadas como indícios de validação, sendo necessário maior preocupação de psicólogos para com a inclusão de surdos tanto no contexto da Avaliação Psicológica, como no contexto de acesso à atendimento psicoterapêutico.


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DOI: http://dx.doi.org/10.22347/2175-2753v15i46.3789



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Principios Norteadores para o Avaliador

Guiding Principles for Evaluators American Evaluation Association (AEA)

Com o proposito de guiar o trabalho dos profissionais de avaliação e assegurar a etica de sua atuacao, a American Evaluation Association (AEA) - Associacao Profissional de Avaliadores - estabeleceu cinco principios norteadores aqui resumidos:

1.  Indagacao Sistematica, no que se refere à capacidade de coletar dados utilizando tecnicas apropriadas e comunicando metodos e abordagens com a devida transparencia para permitir acesso e critica.

2.  Competencia, no que se refere a demonstrar atuacao competente perante os envolvidos no processo avaliativo e desenvolver continuamente sua capacidade para alcancar o mais alto nivel de desempenho possivel.

3.  Integridade/Honestidade, no que se refere a assegurar honestidade e integridade ao longo de todo o processo avaliativo, negociando com os envolvidos e interessados na avaliação e buscando esclarecer e orientar procedimentos que venham provocar distorcoes ou indevidas utilizacoes.

4.  Respeito pelas pessoas, no que se refere ao respeito pela seguranca, dignidade e auto-valorizacao dos envolvidos no processo avaliativo, atuando sempre com etica profissional, evitando riscos e prejuizos que possam afetar os participantes para assegurar, o melhor possivel, o respeito às diferencas e o direito social de retorno dos resultados, aos envolvidos.

5.  Responsabilidade pelo bem estar geral e público, no que se refere a levar em consideracao a diversidade de interesses e valores que possam estar relacionados ao público em geral,buscando responder nao somente às expectativas mais imediatas, mas tambem às implicacoes e repercussoes mais amplas e, nesse sentido, disseminar a informacao sempre que necessario.

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Meta: Aval., Rio de Janeiro, ISSN 2175-2753.